Ultimamente, nas redes sociais, o tema do “sagrado feminino” tem ganhado muito força e muito se fala sobre ele, mas afinal, o que ele significa?
A todateen conversou com Mariana Betioli, obstetriz e fundadora da marca Inciclo, para entender melhor esse conceito que tem sido tão difundido.
o que é?
De acordo com ela, o Sagrado Feminino é um estilo de vida, atrelado a uma filosofia que explica muito sobre a mulher, seus ciclos de vida e poder. “É uma forma de se reconectar consigo mesma para despertar a consciência feminina, acordar os nossos saberes mais íntimos, libertar-se de crenças sociais e buscar o equilíbrio com a natureza para melhorar a saúde física, mental e emocional“.
tem a ver com alguma religião?
Não! Apesar de muita gente atrelar o termo à religião Wicca, por exemplo, eles não estão conectados. A confusão aparece porque a religião é ligada com os fenômenos da natureza, enquanto muito do Sagrado também age com algumas observações da natureza. No entanto, qualquer um pode estudar sobre o tema e não necessariamente estar ligado à religião. “É uma reconexão com o corpo e a natureza independente da crença religiosa“, explica Mariana.
e onde a menstruação entra nisso?
Mariana reforça que, apesar de ser absolutamente natural e saudável, a menstruação, que já foi até símbolo de poder, hoje está carregada de tabus e preconceitos. Hoje, muita gente acredita que o sangue é sujo, que estamos impuras durante essa fase do ciclo.
“Quando sentimos nojo e vergonha do que sai do nosso corpo, acabamos por ter uma relação muito conturbada com quem somos e isso interfere na nossa autoestima e empoderamento“, explica. “O processo de desconstrução de toda essa carga negativa que as mulheres carregam, não tem como não começar pela menstruação. Para que possamos aceitar quem somos, do jeito que somos, nossos corpos e nossa essência, é importante aceitar a natureza dos ciclos femininos e a nossa menstruação.”
como trabalhar o sagrado feminino na nossa vida?
A ideia é que a mulher busque se conhecer melhor e se entender, sem julgamentos. Mariana comenta que uma das maneiras para isso é prestar atenção na menstruação, já que esse “é o início do caminho para a autoaceitação e conexão com as nossas energias, nossa intuição e com a natureza“.
“Quando começamos a ter consciência do nosso próprio ciclo, acolhemos e aceitamos o nosso sangue, passamos a fazer as pazes com a nossa essência feminina e tudo começa a se transformar“, diz ela.
A dica que ela dá é experimentar, por exemplo, outras opções além do absorvente comum. Dessa forma, a mulher passa a ter mais conhecimento de seu próprio corpo e de seus ciclos. “Alguns produtos podem trazer muito desconforto e problemas para a saúde íntima que fazem com que a mulher conclua que não gosta de menstruar, quando que, na verdade, ela tem uma percepção errada do que é a sua própria menstruação. Com os absorventes descartáveis sentimos um cheiro muito ruim que é o odor do sangue em decomposição e não o cheiro mesmo do nosso fluxo“, ela explica.
“Quando a mulher passa a usar o coletor ou disco menstrual, percebe as características reais da menstruação, então descobre que o sangue não tem cheiro, que ela nem menstrua tanto, que as infecções recorrentes eram pelo abafamento da vulva e desequilíbrio do pH vaginal e, por poder fazer todas as atividades com o coletor menstrual ou o disco sem se preocupar por até 12 horas, se dá conta que a menstruação não era a culpada de tantos transtornos“.