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Entrevista: Clarice Freire, autora de “Pó de Lua”

Entrevistamos a Clarice Freire, autora do livro “Pó de Lua”, confira!

Clarice Freire
Foto: Reprodução / Youtube

Vinda de uma família de grandes escritores, Clarice Freire do blog Pó de Lua, acaba de lançar seu primeiro livro, homônimo, pela Editora Intrínseca. Depois de atender centenas de meninas numa sessão de autógrafos no último dia da Bienal do Livro de São Paulo, a recifense (mais fofa) conversou com a todateen sobre esse novo trabalho. Confira a entrevista e o vídeo:

Clarice Freire

Foto: Reprodução / Youtube

todateen: Como surgiu o blog Pó de Lua?

Clarice: O blog surgiu a partir de uma necessidade muito pessoal. Eu costumo dizer que tudo o que aconteceu na minha vida a partir do blog foi superespontâneo, porque eu tinha uma necessidade muito grande de botar pra fora minhas inquietações. Eu gosto de dizer que cada um tem uma maneira de botar pra fora as coisas que estão borbulhando dentro de você: algumas pessoas vão correr na praia, algumas vão fazer algum esporte, outras vão pintar, vão dançar… eu escrevo, desde muito pequenininha. Tudo isso pra mim foi muito natural, na verdade. Eu sou redatora publicitária por formação e trabalhei por sete anos no mercado publicitário. Quando eu trabalhava em agência a gente acaba ganhando muitos brindes dos veículos e tal, e o pessoal sabia que eu gostava de papel e me dava, então eu ficava cheia de bloquinhos de notas, de caderninhos, agendinhas… Eu passava o dia inteiro entre um trabalho e outro e, pra poder respirar um pouquinho antes de voltar a trabalhar, eu fazia meus desenhos e poesias. Quando terminava o dia eu estava cercada de desenhos e poesias, e, como tinha muita coisa, eu pegava tudo, juntava e jogava no lixo, porque eu não queria guardar papel. Para vocês terem noção de como eu não dava àquilo um valor literal ou alguma coisa do tipo, eu precisava colocar pra fora minhas inquietações, só que quando elas saíam e iam para a mão, eu gostava de brincar com as palavras, de dar um formato criativo. Então meus amigos começaram a perceber, principalmente a Lisa. Eu lembro que ela era minha dupla de criação, eu sou redatora e ela é diretora de arte, e aí ela começou a remexer meu lixo e no outro dia ela chegava indignada: “olha o que eu achei no seu lixo… como é que você joga isso fora? Isso é lindo!”. E eu respondia: “Por que ficar acumulando? Se quer ficar então leva para a casa, por que eu vou levar isso? Ficar acumulando papel na minha casa?” E aí era aquela briga com os meus amigos, então eles disseram: “a gente vai criar um blog para você e você para de jogar fora esses papéis e suas criações”. Aí eles criaram para mim, porque eu não sabia nem usar a ferramenta, era meu segundo estágio, e aí eles disseram: “diz aí um nome”, aí eu juntei algumas fases da minha vida e disse: “Pó de Lua”. Quando ela criou eu ainda não tinha um celular que tirasse foto, então eu não tirava foto dos meus desenhos e das minhas poesias à mão desse jeito que eu faço hoje, eu transcrevia e postava no blog. Então aquilo começou a se espalhar pelos meus amigos, alguns começaram a ver e eu não queria mostrar para ninguém, morria de vergonha, principalmente porque meu pai é escritor também, além de médico, cineasta e roteirista: Wilson Freire. E eu ficava dentro de mim com aquela coisa: “eu nunca vou ter algo assim desse nível de qualidade para mostrar para alguém”, até o dia que eu decidi mostrar ao meu pai e a meu primo Marcelino, que também é escritor. Ele me disse: “Isso presta! Clarice isso é muito bom, você não pode desperdiçar isso”, então eu comecei a mandar para ele tudo o que escrevia e também a colocar no blog, quando eles achavam bom eu colocava. E começou a espalhar para outras cidades, aí já tinham pessoas de outros estados que curtiam, que comentavam e começou a espalhar um pouquinho, mas muito pouco. No final de 2011 eu criei a fanpage do blog no Facebook, foi quando eu comprei o celular e podia tirar fotos das minhas poesias. Coloquei no Facebook as imagens e aquilo fazia um sucesso enorme, realmente eu via que era muito mais rápido o nível de compartilhamento. E foi assim que surgiu! Depois aconteceram outras coisas para que o blog crescesse e se tornasse do jeito que ele está hoje.

Todateen: Você prefere escrever ou desenhar?

Clarice: Como meu trabalho é poesia visual, é muito difícil, às vezes, separar o desenho da escrita. E se você for olhar as páginas do meu livro, a ilustração, que eu nem gosto de chamar de ilustração, eu sempre chamei de rabisco, não está ilustrando a poesia, ela não é assim, simplesmente, uma poesia independente. Não, muitas vezes, o objeto que está ali, se ele não tivesse a poesia não teria o peso que tem. Então é assim tão misturado, que eu acho que desde pequena quando eu desenhava e escrevia muito, acabou virando uma coisa só pra mim. Então eu não consigo, muitas vezes, nem diferenciar. Às vezes, até a palavra vira um desenho. Não tem como dizer do que eu gosto mais, porque são muito unidos.

Pó de Lua

Foto: Divulgação / Editora Intrínseca

 Todateen: Existe algum autor que você gostaria de fazer uma parceria?

Clarice: Com certeza. Já brinquei em uma conversa com o Pedro Gabriel de fazer alguma coisa juntos, mas tem uns autores que eu admiro muito, os jovens de hoje em dia. Eu adoro Gregório Duvivier, sou louca pela Adriana Falcão. Eu tenho um livro dela, “Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento”, que é o significado dela para as palavras, seria um encanto fazer alguma coisa com ela, e tantos outros que já não estão mais aqui… Mas com certeza, eu gostaria de criar alguma coisa com Clarice Lispector, com Cecília Meireles e vários outros.

Todateen: Você tem algum projeto?

Clarice: Não. Por enquanto, estou extremamente focada nesse livro, acabou de ficar pronto e de ser lançado. Estamos na correria de lançamento, está sendo tudo muito intenso. Claro que eu pretendo ter outros projetos, não vou conseguir parar nunca. Essa inquietação que está aqui nunca parou, nem vai parar e espero que nunca pare, então eu vou precisar continuar colocando para fora o que está aqui dentro. Mas quando vai sair, ninguém sabe, então vamos esperar.

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