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Entrevista com Lucas Silveira, da banda Fresno

Lucas Silveira, da banda Fresno, fala sobre o novo álbum da banda, as parcerias com Emicida e Lenine, além da experiência dele como produtor. Quem ama Fresno não pode deixar de ler:

Foto: Reprodução/Facebook

Foto: Reprodução/Facebook

 

– Falando sobre novo álbum da Fresno, você também produziu o Eu Sou A Maré Viva. É sua primeira experiência como produtor ou isso já tinha rolando antes? Muda alguma coisa?
Eu já tinha produzido antes, mas sempre coisas mais pessoais. Eu comecei a me aventurar a produzir coisas da Fresno lá em 2011 e aí foi que eu comecei a sentir que produzir uma coisa sua é diferente de produzir algo que é da sua banda. Então são duas pessoas que tem que atuar dentro de uma pessoa só. Mas com certeza, eu tenho muito claro na minha cabeça o som que eu quero chegar. Às vezes uma banda chega para a gente produzir e não sabe exatamente o que quer, que estilo quer chegar. E esse é o papel do produtor, sugerir para que consigam chegar ao que eles querem. Nesse caso foi uma escolha nossa, decidimos produzir nós mesmos, pra chegar onde a gente quer.

– Eu vi que toda a gravação da parte instrumental foi feita em uma semana e que tem uma vibe super natureza, além do lance de gravar o vocal em um estúdio móvel né. Diferente de tudo que eu já vi por aí, me conta mais sobre isso?
É muito importante! A gente sempre gravou em estúdio, em lugar fechado, aquela coisa de pegar um taxi, enfrentar trânsito todo dia para ir gravar, horário pra terminar… Então, a gente combinou uma colônia de férias junto com a nossa gravação. A gente estava super em paz, tomava banho de rio, ficava de calção o dia intero, gravava a hora que queria. A presença da natureza, o único barulho que tinha era de grilo (risos). É um disco super espiritualizado, a nossa sensibilidade estava superaflorada, justamente por nós estarmos no meio do mato, longe da internet, celular e outras coisas. Tudo estava colaborando para que o disco tivesse uma cara diferente de tudo que a gente já fez.

– Como surgiu essa parceria com Emicida e Lenine? O som de vocês é muito diferente, mas, ao mesmo tempo, a música ficou show. Saiu do jeito que vocês esperavam?
Eles são caras bem diferentes, cada um em um universo musical diferente, mas ao mesmo tempo eu ouço de tudo e sempre observei que eles tinham muito a ver com a gente, até na musicalidade. O Lenine sempre foi um cara que a gente admirou, todo mundo da banda sempre foi fã e aí quando surgiu a oportunidade de conhece-lo e trocar uma ideia, convidamos para tocar com a gente. Percebemos que ele estava aberto e só estávamos esperabdo surgir a música certa. Foi aí que surgiu Manifesto. Com o Emicida foi a mesma coisa, a gente já trocava ideia, já se conhecia e estava combinando de fazer juntos alguma coisa há algum tempo, mas aí nós vimos que tinha que ser agora e aí saiu. Ele pirou na música! E escreveu o rap no meio do caminho indo para o sitio! Nós gravamos e depois ficamos curtindo um banho de rio.

– Você compôs quase todas as músicas do CD. Elas tem alguma ligação entre elas, uma mensagem principal a ser transmitida por esse álbum?
Cara, com certeza! É por isso justamente que o disco foi um EP. É uma mensagem muito condensada e concisa. E realmente, o Eu Sou a Maré Viva é um disco que fala sobre a gente largar mão do que nos prende aqui, do que nos limita, do que é fútil e de tudo que pode ir embora amanhã. Seja o dinheiro, a imagem, as aparências, as opiniões alheias. Ser importante pra quem é importante pra gente. O disco tem essa mensagem da empatia, do que realmente é importante, do que a gente precisa celebrar. É o dinheiro ou o amor?

– Você disse que estar envolto de ar puro e natureza os deixou mais sensíveis. Dá pra dizer que essa é a maior diferença entre compor na calmaria e na loucura do dia a dia de uma metrópole, por exemplo?
Claro, tanto que o material foi composto na loucura do dia a dia, mas a hora que você vai gravar é quando você faz à mágica. É quando você transforma aquilo em realidade. São resultados diferentes. Captar no meio do mato, gravar na beira do rio, é muito diferente. Dá pra sentir na voz, na interpretação. Eu nem tinha percebido tanto, até as pessoas começarem a me falar como isso afetou. Foi por isso que escolhemos gravar as musicas lá e não escrevê-las.

– Já rolou alguma crítica por vocês terem escolhido gravar um álbum com menos faixas?
Não. Acho que se a gente fizesse um álbum meia boca, ai a galera ia ficar “puts”. Mas é que realmente foi pro nosso publico uma overdose de faixas que pegaram eles de jeito, que gostaram. O Eu Sou A Maré Viva já é uma musica que eles conheciam do show, mas quando ouviram gravada surpreendeu. Eles tiveram uma overdose de musicas que vão ter que ficar ouvindo agora pelos próximos meses. Se essas cinco músicas fossem as cinco melhores musicas de um álbum com 12, elas iam ficar diluídas. Nós escolhemos as cinco melhores e as que tinham mais a ver, que a gente poderia mostrar mais o que é a Fresno hoje.

– Pra você, qual é a música destaque deste álbum? Seja pela melodia, pela letra ou pela história da música?
Para minha é Eu Sou A Maré Viva, porque se não existisse ela eu não teria partido para fazer as outras. Quando ela surgiu e eu já falei “pronto, esse aqui é o disco novo”, Nem existiam as outras ainda, mas a gente teve aquele estalo e partindo dela a gente desenvolveu as outras. Ela é o que resume a história toda.

– Aliás, apesar de ter tido esse lance com a natureza e ter menos faixas, eu achei um álbum muito mais agressivo, no sentido de ser impactante mesmo, na voz, no som. Você sentiu isso no resultado final também?
Com certeza, mas também por conta do que a gente já vinha querendo fazer como banda, do que a gente já vinha querendo fazer pra esse lado agressivo. A gente só priorizou. E na produção nós decidimos fazer pesado quando tivesse que ser e, quando não tivesse, que não tivesse vergonha de não ser. Esse alto e baixo é o que mantem o disco.

– Eu acompanho você no Insta e tenho visto suas viagens com a Karen. Me fala um pouco sobre os lugares em que você esteve e algo que marcou nos últimos meses?
Eu fiz uma viagem agora pro Colorado e lá é o paraíso das montanhas. Eu fiz snowboard, uma coisa que eu sempre quis fazer. Aí a gente pegou uma semana que tava livre, umas férias e fomos pra lá. Uma das melhores viagens de todos os tempos! Ficamos na montanha das 9h da manhã até as 17h. Foi muito massa, agora quero voltar!

– Eu vejo que você tem alguns projetos paralelos, além da Fresno. Aliás, tem um vídeo seu cantando com Moska, já faz um tempo, mas é uma música linda. Enfim, que coisas em relação à música você ainda sonha em fazer?
Tem muita coisa pra fazer ainda! Mas uma coisa que eu estou fazendo agora é produzir os discos de outras bandas. Com esse tempo que eu tenho de Fresno, que são quase quinze anos, já deu pra aprender muita coisa que eu posso repassar pra uma banda que esta começando. Mas além, disso tem um monte de coisas! Eu queria muito me envolver em um projeto infantil, alguma coisa que não tivesse nada a ver com a Fresno. Queria muito tem um desenho animado, algum a coisa assim (risos).

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