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“Enquanto eu não te encontro”: com tom leve, Pedro Rhuas leva romance para o Rio Grande do Norte

"Enquanto eu não te encontro": com tom leve, Pedro Rhuas leva romance para o Rio Grande do Norte
"Enquanto eu não te encontro": com tom leve, Pedro Rhuas leva romance para o Rio Grande do Norte (Reprodução)

Durante toda a minha adolescência, a maioria dos livros que li não eram brasileiros. Tirando autoras famosas e já consolidadas no mercado, como Paula Pimenta e Carina Rissi, raramente chegava até mim histórias que se conectavam comigo, com expressões e situações que eu conhecia bem.

Agora, felizmente, o mercado literário tem se aberto mais não apenas para autores brasileiros como para histórias diversas. E é isso que “Enquanto eu não te encontro” é: diversa! À primeira vista, o enredo pode parecer mais um clichê de comédia romântica, em que o casal se conhece mas, por ironia do destino, não consegue mais se encontrar. Porém, Pedro Rhuas consegue aprofundar tão bem a história que em um mesmo capítulo você consegue rir e filosofar sobre sua vida toda, encarando cenários que, com certeza, também já viveu.

Com o Rio Grande do Norte como cenário, o livro apresenta Lucas, um desastrado jovem gay universitário que se muda do sertão potiguar para a capital Natal. Entre festas, música, discussões políticas e relacionamentos, a comunidade LGBTQIAP+ nordestina rouba a cena para sorrir e viver os finais felizes que nunca foram escritos para serem seus.

Em conversa exclusiva com a todateen, Pedro contou mais sobre os bastidores do livro e o que quis passar com ele.

mas antes de começar a falar sobre a história…

Precisamos saber quem é Pedro Rhuas! Com 25 anos, ele se define como “escantoralista”, uma palavra que mistura três carreiras: escritor, cantor e jornalista. “Até pouco tempo atrás eu ainda atuava como jornalista, mas há alguns meses decidi chutar o balde e viver só da escrita. Não façam isso em casa, crianças“, ele brinca. “Tem sido uma jornada… linda, surpreendentemente. De muita confiança em mim e na minha intuição. Às vezes é importante tomar decisões arriscadas como essa quando sentimos que a maré está ao nosso favor e vale a pena. Tirando isso, sou taurino, poticearense (outro neologismo: uma palavra que fala sobre ser parte potiguar, parte cearense), amo música pop, sou completamente viciado em sushi, tenho hábitos noturnos de escrita e moro na frente do mar em uma pequena comunidade pesqueira isolada do mundo urbano. Acho que conta, né?“.

Já deu pra sentir que, assim como ele, o livro tem essa pegada beeeem informal e jovem, certo? Então vamos lá.

o processo da escrita

Sem rodeios, Pedro conta que o processo foi intenso. “Comecei a escrever o livro em 2016. Naquela época, eu não tinha nenhuma referência sobre como seria construir um romance com temática LGBTQIAP+ para o público Jovem Adulto no Nordeste, nem se isso era sequer possível. Foi uma jornada literalmente iniciada do zero. Precisei olhar para os lugares que me cercavam e para as pessoas ao meu redor, tirando-as de uma condição onde a literatura não as abraçava para, efetivamente, torná-las história. Isso foi poderoso para mim, porque desarmei vários ‘mecanismos’ de silenciamento e falta de representatividade que existiam em minha cabeça“, ele explica.

Tudo o que eu queria em “Enquanto eu não te encontro” era escrever o livro que sempre quis ler, mas não encontrava nas prateleiras. Parece que agora o jogo virou, não é mesmo?“, comenta o autor.

tem inspiração na vida real?

Pedro insere tanta coisa nas páginas que fica impossível não se sentir próxima dos personagens. Entre referências a Harry Potter e músicas de divas pop, muitas vezes senti que estava lendo a história de um amigo.

Mas a inspiração não veio 100% da vida pessoal do autor e sim no que ele queria passar: “Eu extraí a essência da história de um grande repertório autobiográfico, de um Pedro que fui em determinado ponto da minha vida – um Pedro como o Lucas, um menino do interior se mudando para estudar na capital (a gente ignora que o protagonista estudou na mesma universidade que eu, que no mesmo curso de Comunicação Social e que no mesmo ano… juro que não sou eu!)“, ele brinca. “Acredito que é essa a camada que dá ao livro a sensação de: ‘nossa, isso bem que podia acontecer comigo ou com um amigo!’. Diferente das histórias que às vezes chegam até nós, queria criar com essa comédia romântica aquele quentinho no coração delicioso de que o livro é como uma casa que nos acolhe e abraça forte“.

qual é a principal mensagem da história?

Apesar de o livro ser cheio de mensagens, Pedro destaca a sua favorita: é sobre sonhar. “Por muito tempo sentimos que não podíamos sonhar. Achávamos que nossos sonhos não seriam abraçados. Como não haviam histórias com nossa cara que nos lembrassem de que podíamos viver, sim, os nossos contos de fadas, desacreditamos deles. Mas são possíveis. E a metáfora, no fim, é justamente essa: sabe aquela comédia romântica clichezinha? Ela também é nossa. Podemos amar e sorrir e ter nossos finais felizes. Porque nós os merecemos“.

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