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Coluna da Annie: Selfie

Nossa colunista refletiu sobre curtirmos tanto tirar selfies. Vem pensar junto!

Annie escritora

No Google Tradutor, self, em inglês, tem relação com as seguintes palavras: eu, próprio, ego, personalidade e caráter.
Na Wikipédia, a enciclopédia aberta, a invenção selfie é descrita como um auto-retrato. E o site lembra que selfie foi a palavra de 2013 pelo tradicional dicionário inglês Oxford.
Para mim, selfie ser considerada a palavra desse ano (aquela que mais marcou este período da história) conclui muito bem o momento em que vivemos. De olhar para nós mesmos e mostrarmos nossa imagem ao mundo.

Zendaya tirando selfie
Faz tempo que reflito sobre a popularização do termo selfie. Sem dúvida, fotografar a si mesmo reflete o nosso narcisismo (e eu me incluo, sem modéstia). A humanidade nunca foi tão fã de si mesma. E dos seus amigos – porque selfie não acontece apenas sozinho. Você na frente de todos os outros é uma selfie coletiva, mesmo com a sua cara sempre em primeiro plano. Mas por que é tão bom marcar a hashtag #selfie no Instagram? Poderíamos apenas fotografar a nós mesmos sem tal legenda, certo? Errado.

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A principal razão de existir da palavrinha selfie é porque ela nos conforta e tranquiliza. É como se nos permitíssemos postar com menos culpa quando existe a tag marcada ao lado daquele sorrisão ou de uma careta com a amiga.
Marcamos #selfie porque precisamos de ajuda – assim nos sentimos mais livres para as nossas exibições públicas. É como se, com a tag do lado, disséssemos: “viu, estou postando uma selfie! Eu não sou tão mala assim!”. Parece menos escancarado quando avisamos a todos, através da selfie, que estamos em viagem, no avião, no pátio da escola ou no espelho do banheiro.

Gaorto tirando selfie em todos os cantos da casa
Espelho do banheiro. Eu tenho certeza de que ele possui um magnetismo. Só pode, para atrair tanta gente! Não há imagem mais selfie do que a dupla você mesmo e um espelho. E, vamos concordar, não existe paisagem mais feia (ou mais trash, o que pode ser bonito, de algum modo) do que banheiros. É preferível até a selfie clichê, compartilhada no verão: o mar ao fundo, os cabelos ao vento… Fato é que qualquer selfie no banheiro ganha mais curtidas do que o incrível visual das Cataratas do Iguaçu, por exemplo. Mas, se na frente das águas caindo houver um rosto feliz… sobe a audiência! Vejo isso pela minha mãe. Cada vez que viajo, ela pede para eu mandar fotos dos passeios: “e elas devem ter a sua carinha, minha filha, quero vê-la, nada de natureza ou bichos e prédios sozinhos. Tem que ter você”. Sim, mães são um ser à parte. Mães precisam conferir se os filhos aparentam saúde, diariamente. No final, são grandes influenciadoras do nosso amor-próprio. E, por consequência, das #selfies.

amigas tirando selfie
Tenho duas perguntas sem respostas para fechar esta crônica. A primeira: por que estamos tão dependentes dessa palavrinha? E, a segunda: por que estamos tão dependentes das interações digitais?
Não sei se você percebeu a quantidade de vezes que repeti o termo selfie. Vou dizer agora: está absurdo, uma repetição que se torna um grave cacoete de linguagem. Foi intencional. A fim de provocar a reflexão de como usamos o eu, eu, eu em excesso.

Ilustração da palavra Selfie

Ilustração: Antônio Fernandes

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