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O padrão de beleza mata – e de quem é a culpa? Especialistas opinam

O padrão de beleza mata - de quem é a culpa? Especialistas respondem
O padrão de beleza mata - de quem é a culpa? Especialistas respondem

No último domingo (24), o Brasil foi palco de mais uma morte por cirurgia plástica. Liliane Amorim, modelo e influenciadora de apenas 26 anos, morreu em decorrência de complicações de um procedimento de lipoaspiração. Ela estava internada na UTI  do hospital Unimed de Juazeiro do Norte (CE), desde o dia 17 de janeiro e acabou não resistindo, deixando um filho de apenas 6 anos.

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou que 54% das mortes na lipoaspiração noticiadas pela imprensa brasileira ocorreram dentro de hospitais do país. Além disso, segundo dados da Vigilância Sanitária Americana (DFA), a cada 100 mil cirurgias de lipoaspiração três resultam em morte. Diante disso, enquanto alguns culpam a mulher que escolhe passar por tais procedimentos, outros culpam a medicina. Mas afinal, de quem é a culpa?

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É inevitável citar o padrão estético em meio a tudo isso. Cada vez mais a busca pelo “corpo perfeito” se encontra presente na sociedade, principalmente quando falamos em pressão estética feminina na juventude. De acordo com uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nos últimos dez anos houve um aumento de 141% nos procedimentos em jovens de 13 a 18 anos. Isso relaciona-se principalmente com a propagação cada vez mais presente de um padrão irreal nas redes sociais, firmado lá nos primórdios das produções de Hollywood.

a culpa é de quem faz?

Assim como Liliane, muitas meninas submetem-se à procedimentos estéticos que veem através das telas.

A necessidade de ser aceito em determinado grupo faz com que o indivíduo crie sua identidade. Ela é internalizada desde sua infância com seu envolvimento com a cultura a qual pertence e à sociedade. Nesse período de procura pela sua identidade é quando os adolescentes se encontram em grupos, onde se busca uma identificação grupal, vestimentas, vocabulários, hábitos“, conta Adriana Cancelier, psicóloga especializada em obesidade e emagrecimento à todateen.

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Sendo assim, jovens olham as imagens “perfeitas” e normalizadas das redes sociais e entendem que também precisam daquilo, submetendo-se a procedimentos muitas vezes invasivos e mortais, como o caso da influenciadora.

Como cada vez mais esse padrão aumenta e as pessoas se sentem cada vez mais inadequadas e insatisfeitas com o próprio corpo, elas passam a acreditar que, para ser aceito no meio social, é preciso que a sua autoimagem corporal, por exemplo, esteja de acordo com os padrões estabelecidos socialmente“, explica a especialista.

a culpa é da mídia?

Há uma grande supervalorização da imagem corporal na nossa sociedade. O corpo é vendido como objeto de consumo, onde, o mais importante é ter as tais “medidas perfeitas”, considerando-se o padrão de magreza.

Os jovens que são colocados à frente de modelos midiáticos através das redes sociais se deparam com uma grande impossibilidade de corresponder a eles. A nossa cultura considera o estereótipo como uma forma de identidade, diz Adriana.

E não só nas redes sociais a pressão estética se encontra.

“Por meio dos veículos de mídia, que conduzem propagandas com imagens de corpos irreais, direcionando suas atenções principalmente para o público jovem, também há a busca por uma figura aparentemente perfeita”, completa a psicóloga.

a culpa é dos médicos?

Erros médicos podem acontecer durante os procedimentos estéticos. Existem riscos à saúde que devem ficar claros desde a decisão de realmente realizá-los. O laudo pericial com a causa da morte de Liliane reforça a tese de que Liliane morreu por erro médico, em decorrência de uma infecção causada por uma perfuração no intestino. É de extrema importância que ao optar por realizar alguma cirurgia, um médico confiável seja consultado.

Bruno Legnani, médico cirurgião que possui título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), aconselha:

O primeiro passo para realizar uma cirurgia plástica é ver se o profissional eleito está habilitado no site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Todos os profissionais habilitados estão cadastrados no site, que apresenta os contatos e especialidades de cada um. A pesquisa é bem simples e fundamental para a segurança de qualquer procedimento. Todo procedimento tem riscos, inclusive é dever do médico avisar sobre esses riscos”.

Ele ainda explica mais sobre os possíveis riscos:

O paciente precisa ser muito sincero com o cirurgião, explicando suas reais expectativas, além das condições de saúde e estilo de vida. Exames pré-operatórios são necessários, além de uma vista ao cardiologista, que mostrará se o paciente está apto para o procedimento cirúrgico“.

Muitas vezes, o paciente quer aproveitar a internação para fazer mais de um procedimento. Procedimentos com mais de seis horas de duração têm mais chances de complicações, e se for muito longo, é melhor fazer uma cirurgia de cada vez. As orientações pré e pós-operatórias dadas são essenciais para garantir o sucesso durante a plástica. O pós-cirúrgico também é muito importante, enquanto o corpo se restabelece. O paciente precisa seguir rigorosamente essas orientações“, completa.

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a culpa da sociedade

Liliane Amorim foi quem fez a cirurgia, mas é impossível negar que foi influenciada por toda uma sociedade que segue na busca da perfeição. Após a morte da influenciadora muito se debateu sobre o fato de ela ter escolhido passar por aquilo. O fato é que ninguém imagina que a vontade de ser bonita perante a sociedade pode custar mais caro do que parece, pelo fato da venda irresponsável da perfeição a todo momento.

Não podemos culpá-la, pois, é fruto dessa sociedade que espelha diariamente seus desejos, ilusões, inseguranças, medos e principalmente seu desejo de aceitação“, opina a psicóloga Adriana. “As pessoas tentam resolver seus problemas mudando o físico quando na realidade precisam dar mais atenção às suas dores emocionais“, opina Adriana.

como descobrir se a cirurgia plástica é uma vontade própria ou influência de pessoas que a gente segue?

De acordo com Adriana Cancelier é importante se entender e pensar que você tem pensamentos completamente diferentes das outras pessoas.

A parte mais importante deste processo é o autoconhecimento. Se eu me conheço, compreendo meus pontos fortes e sei onde preciso trabalhar e desenvolver. Saber das minha qualidades e incluir significado e propósito em nossas vidas pode ser tremendamente motivador, empoderador e terapêutico. Quando foco em minhas potencialidades desenvolvo uma relação mais positiva comigo mesmo e com o mundo que me cerca. Procurar um bom profissional que ajude a compreender este processo pode ser extremamente válido.”

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