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Entrevista: conheça Matheus Maia, autor de “Cartas Para Rê” e outros romances LGBTQIA+

Entrevista: conheça Matheus Maia, autor de " Cartas Para Rê" e outros romances LGBTQIA+
Entrevista: conheça Matheus Maia, autor de " Cartas Para Rê" e outros romances LGBTQIA+

Nesta quinta-feira (25), celebramos em todo o Brasil o Dia Nacional do Orgulho Gay, data que apesar de trazer apenas um grupo, é lembrada por toda a comunidade LGBTQIA+ como gancho para que algumas pautas sejam evidenciadas em nossa sociedade e legislação. Afinal, em meio a grupos religiosos ainda tão intolerantes – reforçados até mesmo pela impossibilidade de se utilizar o nome social em algumas situações, é incoerente dizer que existe igualdade no Brasil.

Aqui na todateen, sabemos que a representatividade é muito importante, principalmente para adolescentes em busca de sua essência. Por isso, nos orgulhamos ao ver a presença de histórias e personagens LGBTQIA+, sem estereótipos, cada vez mais frequente em produções de entretenimento, como filmes, séries, livros, e é claro, nossas matérias aqui, no site.

Você pode acessar conteúdos com representatividade o ano todo por aqui, mas, para fortalecer a discussão que se estabelece neste dia 25, aproveitamos a data para divulgar um autor nacional que está começando a se popularizar e carrega consigo a identificação com a comunidade LGBTQIA+ dentro e fora de suas obras.

Matheus Maia (@mfbastosmaia) está construindo uma carreira literária entre o público adolescente e de jovens adultos, mas, também estuda Educação Física e Nutrição, visto que seu objetivo é poder auxiliar quem precisa de apoio diante da luta contra transtornos alimentares, dentro e fora dos livros.

Querida Ana foi sua primeira obra publicada, a qual inspirou homens e mulheres com seus relatos de luta contra a anorexia. Atualmente, o autor de Salvador está focado na divulgação de Cartas Para Rê, uma história de amor e luto real do jovem de 19 anos, o qual em uma só narrativa traz temas como orgulho, amor e batalha por saúde mental. Além disso, o escritor participou de Perdido em mim e Resistência – A História não contada dos piratas, livros de contos com a participação de outros autores, e se prepara para lançar em breve a versão física de seu primeiro livro de ficção, Corra, Beth!.

Confira nossa entrevista com o autor:

todateen: A escrita está presente em sua vida desde quando?

Matheus Maia: Olha, pra ser bem sincero, a escrita sempre esteve presente em minha vida. Em algumas ocasiões, claro, o hábito de escrever predominava sobre meus outros hobbies enquanto em outras eu nem tocava em uma caneta. Lembro-me bem de escrever pequenos textos e idealizar que algum dia aquilo ali se tornasse um livro “de verdade”. Mas, houve, sim, um gatilho para que eu realmente começasse a escrever profissionalmente: a anorexia, doença pela qual lutei por cinco anos. Meu primeiro livro, Querida Ana, assim como o meu objetivo como escritor até hoje (ajudar as pessoas) nasceu de um diário. Um diário que eu tinha em um internamento e que eu mantinha comigo a todo momento, escrevendo tudo que acontecia e sentia. Logo, quando me perguntei o porque de não usar minhas escritas para ajudar as outras pessoas e não encontrei respostas, mergulhei de cabeça no mundo da escrita.

tt: Além de uma história de amor e luto, seu livro Cartas para Rê também trata do estigma de doenças mentais. Pode nos contar um pouco mais sobre como seu livro traz esse tema em específico?

M. M.: Bem, o livro é baseado em fatos reais e a maioria dos acontecimentos presentes nele envolvem questões relacionadas à saúde mental. Primeiro porque o casal principal do livro (eu e o Renato, no caso) nos conhecemos em uma clínica psiquiátrica e, além disso, nós dois passávamos por muitos problemas por sermos portadores de transtornos mentais. A minha família, por exemplo, era totalmente contra o nosso relacionamento e estigmatizava o Renato, estereotipando-o como “maluco” ou até “drogado”. É possível, também, perceber, ao longo das páginas de Cartas para Rê, que apesar de todas as nossas dificuldades, nós somos todos seres humanos e temos os mesmos direitos, além de merecermos, claro, o respeito.

tt: A narrativa é ficcional de alguma forma ou, até por se colocar como personagem, você foi 100% fiel à realidade?

M. M.: Uou, essa pergunta foi certeira. Eu tentei manter em segredo até agora, mas, aqui, exclusivamente à todateen, revelo que não, o livro não foi 100% fiel à realidade, o que vocês só descobririam ao chegar no final da narrativa. Mas, porque eu não contei tudo exatamente como aconteceu? Bom, minha história com o Rê nunca vai acabar. Ele pode não estar mais presente aqui comigo, mas até o meu último suspiro eu lembrarei dele e o amarei de todas as formas. O final do livro foi adaptado também com o intuito de intensificar o foco do livro: ajudar quem passa pelo processo de luto a não perder a si mesmo ao tentar lidar com a dor da ausência de alguém. Inclusive, estou muito feliz com a pré-venda, na Editora Flyve, pelo selo Voe, porque tem me proporcionado a experiência fantástica de conhecer novos leitores.

tt: Durante a sua adolescência, você teve acesso a uma grande variedade de romances LGBTQIA+?

M. M.: Não. Infelizmente na adolescência eu não tive acesso a muitos romances LGBTQIA+, uma realidade que está completamente diferente nos dias de hoje. Além de ter acesso, percebo que o número de escritores de romances assim está crescendo cada vez mais e me sinto muito orgulhoso, em nome de toda comunidade, por isso. É como se, após muito tempo, os escritores estivessem “saindo do casulo” e dando a vida a suas histórias do jeitinho que desejaram sem ter medo de julgamentos.

tt: O amor na sua narrativa carrega um aspecto de luta por aceitação, que é a realidade de muitas pessoas da comunidade LGBTQIA+. Você acha que o incentivo à leitura de produções de autores que se identificam com a causa pode ser uma forma de mudar o mundo?

M. M.: Sim, sem sombra de dúvidas. Nós da comunidade LGBTQIA+ lutamos diariamente por aceitação e tentamos combater o preconceito de todas formas, portanto, apoiar qualquer que seja o trabalho de alguém da comunidade e reconhecer que ele tem valor é algo de suma importância para nós.

tt: O luto é um tema persistente nos últimos tempos para todos devido à pandemia. Acredita que de alguma forma o livro traz conforto para quem está enfrentando a dor de uma perda?

M. M.: Então… o livro traz consigo a premissa das cartas, que começaram a ser escritas com o intuito de lidar com a dor da perda do Rê, logo, desde o início, já temos um grande exemplo ou sugestão do que fazer para amenizar o sofrimento causado pelo luto. Quanto ao conteúdo das cartas e ao livro em si, eu creio que seja muito singular à interpretação de cada um, já que podemos interpretar tudo que está registrado ali de diversas formas.

tt: Qual mensagem você espera que seus leitores e leitoras guardem com o final da leitura de Cartas para Rê?

M. M.: Com toda certeza eu espero que meus queridos leitores guardem consigo a mensagem do quanto é difícil lidar com algum problema ou sofrimento e que eles não precisam fazer isso sozinhos. A ideia é que guardem consigo a mensagem de não se perderem em si ao buscar conforto de alguma dor.

tt: Esse não é o primeiro livro que você escreve com uma inspiração autobiográfica. Pode nos contar sobre o que você explorou durante a escrita de Querida Ana?

M. M.: Ah, Querida Ana… Nossa, esse livro realmente significa muito pra mim. Como já citei, ele nasceu de um diário que eu tinha durante minhas internações por conta da anorexia e o conteúdo dele é muito forte. Isso porque, enquanto estava ali, em um leito de hospital, lidando com os problemas de saúde, eu também tinha de lidar com meu subconsciente e todas as memórias que ele me trazia. Eu sentia saudade dos amigos e queria estar com eles o tempo todo, me lembrava da época em que era obeso e sofria bullying por isso, dos traumas de infância, problemas familiares e diversas outras coisas. Logo, Querida Ana aborda questões muito relevantes como saúde mental (ênfase nos transtornos alimentares), consequências do bullying na adolescência e sexualidade.

tt: Você também marcou presença em outras obras com contos. Pode contar um pouco mais para a gente?

M. M.: Sim, claro. Em 2018, eu participei da antologia Perdido em mim, que é composta por contos sobre transtornos mentais. O meu conto se chama Estou bem e aborda questões relacionadas aos transtornos alimentares. O livro é bem interessante e no final tem um glossário, onde se encontra um pouquinho da definição de cada transtorno citado nos contos. Foi uma honra participar de uma antologia tão linda e com um significado tão bonito, que é o de cuidar da saúde mental. A antologia foi publicada pela Editora Perensin e organizada pela escritora Rafaela Perensin.

Recentemente, em 2020, participei da antologia Resistência – A História não contada dos piratas, que tem uma premissa incrível e traz junto com temas importantes, a ludicidade. O livro é basicamente composto por contos protagonizados por personagens que fazem parte dos grupos das minorias, sendo estes incluídos no universo da pirataria. Marujos gays, Capitãs mulheres e negras e almirantes transgêneros são apresentados nesse livro lindo da Cervus Editora e organizado pelo escritor e editor Davi Monteiro.

tt: Agora você também se prepara para a pré-venda do primeiro livro ficcional. Qual é a história de Corra, Beth!?

M. M.: Sim! Na verdade, Corra, Beth já está disponível em e-book, mas a pré-venda do físico vem aí nos próximos meses e estou muito ansioso por isso! Além de ser minha primeira ficção, também é um livro que foi reescrito várias vezes durante 3 anos e no qual eu venho trabalhando desde os 16. Sobre a história: se passa no Rio de Janeiro, onde uma modelo famosa conhece (em circunstâncias não muito agradáveis) e cai nos braços do perigoso traficante que comanda o morro da Babilônia, o Pedro. A história é repleta de cenas de ação, suspense e espero deixá-los sem fôlego (de forma positiva, claro, risos).

Adquira os livros de Matheus Maia!

Pré venda Cartas para Rê: site da Editora Flyve

E-book Cartas para Rê: disponível na Amazon

Querida Ana físico: site da Editora Perensin Produções

E-book Querida Ana: disponível na Amazon

E-book Corra, Beth: disponível na Amazon

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