Foi uma choradeira. Quando ele saiu, quando elas finalmente o viram. As garotas estavam reunidas em uma longa e dolorida espera. Achei que Luan Santana não sobreviveria. A multidão avançou sobre ele e teve até uma menina que foi levada junto, pendurada na parte de trás da van, porque não queria desgrudar de sua alma-gêmea.
Tenho várias histórias com celebridade. Há alguns anos, acompanhei a gata e grande atriz Ísis Valverde num evento na Bahia. Foi ela entrar que o povo passou a gritar incessantemente. Ísis não conseguiu conversar com as pessoas nem tirar fotos. Quando o ser humano se reúne em massa, está feita a loucura, para o bem ou para o mal. Saiu chateada porque não pode dar amor aos fãs – os próprios não deixaram.

Ilustração: Antonio Fernandes
Admito: eu mesma já sofri por uma. Por um! Quer dizer, por dois: Taylor Hanson e Caio Blat. Pelo primeiro, fui até os Estados Unidos, toquei na ponta do seu dedo mindinho durante o show, escrevi um rolo de carta infindável para tentar ganhar uma promoção que outra venceu.
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Annie Müller falou sobre a tal da química
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Pelo segundo, escrevi um livro inteiro! Verdade. Eu, meus treze anos, uma espinha na ponta do nariz e a paixão pelo ator Caio Blat – cujos cabelos enrolados, na época, formavam sua sedutora carinha de garoto-anjo. Foi tudo culpa de um autógrafo. Caio assinou num guardanapo de papel nada menos, nada mais do que “para a gatíssima Annie, um beijo especial do Caio Blat”. Ignorei a minha espinha, aceitei os adjetivos em excesso e jurei que ele estava tão apaixonado por mim quanto eu por ele. A ilusão foi suficientemente real para que eu trocasse a piscina pelo computador e dedicasse o verão ao livro sobre o amor de uma criatura normal por um popstar.
É muito provável que cada uma de vocês, leitoras, já tenha vivido ou ouvido uma história entre fã e ídolo. A fama é desejo comum entre os mais comuns seres da Terra. A gente admira alguém popular. Mais: a gente o deseja! Pior ainda: enlouquecemos para tê-lo pelos segundos que forem. E por quê? O assunto, tão curioso, foi discutido inclusive numa disciplina de mestrado. Existe uma palavra que explica o motivo pelo qual o anônimo quer tanto o famoso.
A palavrinha chama-se vazio, e reflete a necessidade da nossa alma de ser preenchida por algo maior. E nada maior, no mundo, do que ser reconhecido por milhares. Sair à rua e os rostos virarem em sua direção. Já pensou isso, na prática? Pode ser o fim da paz, mas, por outro lado, é o maior carinho que o nosso ego carente pode conquistar.
Quem é Annie?
Annie Müller é a nossa colunista que sempre escreve textos inspiradores! Ela é autora do livro Donos do Mundo – os 25 porquês dos adolescentes serem tão poderosos e da série A Turma do Meet. Quer bater um papo com ela? @anniepmuller
