Apesar dos grandes avanços que a sociedade sofreu, ainda temos muitos preconceitos e tabus que precisam ser quebrados. Falando em sexualidade, muitas pessoas passam anos sem identificar o que sentem cercadas pelos preconceitos que acabam limitando os sentimentos, como foi o caso da artista Marisa D’Amato que por 26 anos se entendia como heterossexual e ao começar a namorar uma menina, se sentiu perdida e desencaixada no mundo em que vivia.
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Durante a pandemia, Marisa decidiu se jogar em um universo digital focado em conteúdos sobre a bissexualidade em busca de uma explicação para o que sentia e conta que se surpreendeu ao encontrar outros influentes que jamais imaginou serem bissexuais também:
“Eu procurei bastante sobre bissexualidade, descobri pessoas influentes que eu não fazia ideia que são bissexuais. Mas na verdade foram vídeos voltados ao público LGBTQIA+ que me trouxeram e despertaram o interesse em estudar sobre a orientação“, comenta ela.
A Digital Influencer e também DJ de eventos LGBT sente a responsabilidade de expor a relevância e representatividade dos bissexuais e explica o termo para quem ainda não conhece:
“Antes de falar sobre o que é a orientação, queria falar que dentro das siglas LGBTQI+, o “B” não é de Beyoncé. Essa sigla representa MUITAS pessoas. Bissexuais são pessoas que se atraem afetivamente, sexualmente e/ou emocionalmente por pessoas de diferentes gêneros.”
tabu invisível
Com indignação, Marisa conta que o gênero em pauta ainda é muito invisível na sociedade e que se sente na maioria das vezes desconsiderada justamente pelo fato dos bissexuais não terem credibilidade e serem incompreendidos na maioria das vezes até mesmo pelos outros gêneros da sigla LGBTQIA+:
“Pouco se fala na mídia sobre o assunto e quando, na maioria das vezes, por exemplo, aparecemos ‘representados’ em filmes, não falam a palavra ‘bissexual’ em nenhum momento e mostram uma visão que não é real, dentre elas relacionando a bissexualidade com poligamia. Além disso, se eu estou num relacionamento com um homem, as pessoas me lerão como heterossexual. E hoje que estou num relacionamento com uma mulher, me consideram lésbica.”
A DJ já assumida conta como pretende aproximar seus seguidores para que compreendam a importância de normalizar cada vez mais essa temática:
“Pretendo sempre trazer o assunto as pessoas que me seguem, sugerir debates, afinal de contas, eu sou bissexual, leio sobre mas sempre podemos aprender mais. E também temas dentro da bissexualidade para que cada vez mais pessoas se sintam bem, tranquilas e normais por se entenderem bissexuais“.
confusão ao se assumir
Marisa D´Amato confessa que namorou homens a vida toda e que a confusão mental e o susto pelo sentimento desconhecido aconteceu quando se apaixonou pela atual namorada. Diz também que tem sorte em ter a família que tem:
“Eu sofri muita pressão de todas as partes para me assumir, como se já não bastasse a confusão que estava na minha cabeça em saber o que eu realmente era depois de 26 anos. Eu diria que tenho sorte em ter os pais que eu tenho, meus irmãos e primos. Eles me disseram: “tudo bem, só quero que você seja feliz. Apesar disso, acredito que tenha sido um choque por causa dos meus relacionamentos longos com homens até os 25 anos de idade.”
Por fim, a Influencer dá spoiler de um projeto em prol da visibilidade bissexual que sairá do forno em breve:
“Recentemente eu fiz uma pesquisa na minha principal rede social e a quantidade de pessoas bissexuais e eu não fazia ideia, me despertou falar cada vez mais sobre o assunto. Então sim, tenho um projeto que lançarei em breve na minha rede, colaborativo para falar cada dia mais sobre a orientação bissexual”, finaliza.