Três anos após o lançamento de “Sinto Muito”, seu primeiro álbum de estúdio, Duda Beat está de volta com o disco, “Te Amo Lá Fora“!
Seguindo o estilo de seu antecessor nas composições, o novo trabalho apresenta uma maior concentração de ritmos brasileiros, com produções mais elaboradas e maduras. Em entrevista à todateen, a artista pernambucana falou sobre expectativas, produzir durante o isolamento e os passos para o próximo single!
Confira!
todateen: “Te Amo Lá Fora” é um nome bem curioso! O que você quis dizer com o título?
Duda Beat: “Te Amo Lá Fora” é um nome muito representativo para esse momento. Eu acredito muito que o amor não morre, ele se transforma. E esse nome simboliza isso: o sentimento segue, mas de uma outra maneira. Eu ainda amo essa outra pessoa, mas longe, lá fora. Aqui dentro de mim, sou mais eu, sabe?! (risos) O amor-próprio vem primeiro. E quando eu estava escolhendo o nome do disco, que é a última coisa que eu faço, lembrei de uma história muito engraçada. Eu amo Thalía, assistia a todas as novelas dela… Teve uma vez que ela veio ao Brasil e estava participando do programa do Gugu. Ele falava para ela que o Brasil a amava e pedia para mostrar as câmeras do lado de fora do estúdio, onde tinha uma multidão aguardando por ela. Nisso, ela respondeu: “Te amo lá fuera”. Casou tudo!
tt: Você une a melancolia com batidas pop eletrônicas, a famosa “Sofrência Pop”. Como está o seu coração e a sua relação com o amor, para o lançamento deste disco?
DB: A minha relação com o amor hoje, na verdade há quatro anos, já é bem diferente. Até falo disso no meu disco, na música “Decisão de te Amar”, que é uma canção que eu fiz para o Tomás, sobre o amor correspondido, feliz. Mas eu ainda escrevo sobre sofrência porque foram muitos anos sofrendo por amor (risos). Ainda tenho muito a falar sobre isso.
tt: Houve algum tipo de pressão, principalmente por ser o seu segundo trabalho, e ter que lidar com expectativas?
DB: Acho que sempre tem expectativa. Colocar um trabalho no mundo sempre envolve expectativa. Quero saber o que as pessoas vão achar, como vai ser para elas a experiência de ouvir as músicas… Mas na hora do trabalho, tento me conectar comigo e com o que eu quero transmitir com aquilo. Normalmente, quando começo a pensar em um trabalho novo, faço uma imersão com minha equipe para escrever as músicas e fico bem focada nisso. Durante o processo, não costumo escutar música nem nada porque para mim é um mergulho mesmo.
tt: Agora falando do processo criativo, o que você acha que mudou do “Sinto Muito” (2018) para o “Te Amo Lá Fora”?
DB: Uma coisa muito diferente é a distância que tenho das histórias sobre as quais canto. Em “Sinto Muito”, as feridas ainda estavam muito abertas. Acho que por isso até eu assumi uma postura mais romântica, o sofrimento era mais doloroso. Em “Te Amo Lá Fora”, eu canto sobre lembranças e coisas que aconteceram comigo, mas que não me definem mais. A ferida está cicatrizada, sabe?! Daí o amadurecimento de um trabalho para outro. Há uma mudança de perspectiva mesmo, de visão. Isso é muito claro para mim. Por isso, neste segundo disco assumo essa postura mais dark, uma coisa mais taciturna, melancólica. Essa atmosfera também é um efeito da pandemia, que me atravessou demais. Apesar de não escrever sobre isso, ela interferiu na atmosfera do trabalho completamente.
tt: Quais foram as suas referências para criá-lo? A faixa 9, “≈(♡ω♡)”, nos trouxe Kali Uchis vibes!
DB: Adoro Kali Uchis! Ela é uma referência para mim sem dúvida. Mas antes dela usar esse emoticon japonês, eu já tinha decidido isso. Tomás deu a ideia antes de sair o álbum dela e, quando saiu e vimos, foi uma surpresa porque era a mesma ideia. Temos provas de que pensamos antes de ver o álbum dela (risos)! Sobre as referências, fiz até uma playlist de músicas que me inspiraram em “Te Amo Lá Fora”. Acho legal compartilhar minhas referências, o que ouço, o que me inspira. Dona Cila do Coco e Trevo, que estão comigo nesse disco, são inspirações para mim, tanto que os trouxe para cantar comigo. Arlo Parks, Caetano Veloso, Rosalía… Nossa, são muitas inspirações!
tt: Atualmente, o país está passando por um período difícil e delicado. Você acredita que a sua música pode ajudar o público?
DB: Por muitas vezes, pensei justamente isso: será que lanço mesmo um disco? Porque tudo que eu diga parece insuficiente diante da dor do mundo, sabe?! Mas ao mesmo tempo, acredito muito na arte e que ela pode nos ajudar a enfrentar esses momentos mais sombrios e a ter esperança em dias melhores. Trabalhar no álbum me ajudou muito. Ver como as pessoas estão se identificando e gostando me dá a sensação de que tomei a decisão certa ao lançar agora. Ele já estava pronto, do jeito que eu imaginei que seria e senti que a hora de lançar era agora mesmo.
tt: Em “Tocar Você” você traz sonoridades e elementos que não são tão comuns nas paradas brasileiras, puxando mais para o “alternativo”. Além disso, você é independente! Como tem sido durante esse período?
DB: Meu trabalho é autoral não só pelas composições serem minhas, mas porque também carrega muito do que eu ouço, do que eu gosto. Sempre que começamos a fase de produção das faixas, Lux e Tomás me perguntam como eu gostaria de dançar aquela canção. Aí ela vai nascendo. Ser artista independente é um desafio já. Ser uma artista independente sem poder fazer show é mais difícil ainda. Por isso, é ainda mais importante para mim contar com a imprensa, com o trabalho que vocês fazem de divulgação, que é tão importante. Sou muito grata a essa parceria e a esse espaço. Isso faz muito diferença no trabalho.
tt: Já tem ideia de qual será o próximo single ou de como serão os próximos passos?
DB: Teremos outro clipe que deve ser gravado. Estamos aguardando a questão da pandemia, do lockdown. A ideia era que o clipe de “Nem Um Pouquinho”, que é o próximo single, saísse junto com o álbum, mas diante de tudo que estamos vivendo, não foi possível. Eu entendo perfeitamente. Temos que respeitar mesmo o momento e as restrições. Mas a ideia é que, se for possível, a gente ainda grave o clipe neste primeiro semestre.
tt: Qual música foi a mais fácil de criar? E a mais difícil?
DB: Nenhuma música é fácil de criar (risos). Mas as que ficaram prontas mais rápido foram “Tu e Eu” e “Meu Pisêro”, principalmente pelo fato dessas ideias terem vindo muito prontas, sabe? E a mais difícil foi “Meu Coração”, que foi a última a ficar pronta.
tt: Suas letras são muito tocantes e reais! O que você espera dos primeiros shows ao vivo, “pós pandemia”, que com certeza já serão carregados de muita emoção por si só?
DB: Eu espero levar um show lindo, com todo mundo cantando junto. Amo estar no palco. É um lugar onde me sinto tão em casa, tão à vontade. Enquanto essa hora de ter essa troca tão direta ao vivo com o público não chega, estou aproveitando para já preparar esse show novo, que será muito visual também, além de fazer algumas lives, como a que fiz no TikTok.
por Brian Camargo