Desde março, o Brasil está em quarentena. Alguns estados com uma mais restrita, outros liberando algumas coisas, mas eventos como shows e festas estão proibidos em todos eles. Diante disso, surge uma preocupação de como lidar com a sensação de “tempo perdido”, afinal, muitos dos planos feitos foram cancelados.
Segundo a psicóloga Roberta Nascimento,”essa é uma situação um pouquinho mais difícil para os adolescentes, principalmente pelas festas e pelos grupos de amigos”, e a gente entende bem disso, né? Só este ano, shows como Taylor Swift, Billie Eilish, Louis Tomlinson, Harry Styles e McFly foram adiados para 2021. O Lollapalooza, um dos maiores festivais de música da América Latina, foi adiado para dezembro, mas há boatos de que também será cancelado.
Obviamente, tudo isso gera uma ansiedade, o que a psicológica Flávia Teixeira diz ser natural diante de um cenário tão desconhecido. “Todo esse momento de isolamento social, foi e está sendo muito diferente da vida que muitos levavam antes do surgimento do vírus. As festas e shows foram cancelados por um motivo maior, que foi a proteção das vidas das pessoas. A atitude dos adolescentes ficarem em casa como forma de se proteger, já deve ser sentida por eles como algo muito importante. A manutenção de suas vidas, a saúde e a vida de outros, dependem do isolamento“, comenta ela.
“Será que foi tempo perdido, ficar em casa, curtindo outras formas de diversão como as “Lives” de cantores e as próprias “Lives” entre eles? Mesmo sabendo que é por um tempo e que tudo vai passar? E que poderão seguir suas vidas, seus projetos, programando suas festas e seus próximos shows? O que estar por vir, só será possível porque eles estão conseguindo se preservar e preencher o tempo da forma que eles encontraram para viver o agora“, disse Flávia.
Segundo ela, o momento atual está trazendo um aprendizado para os jovens, que é saber lidar com as perdas e os ganhos. “Os adolescentes estão podendo perceber sua responsabilidade na construção de uma nova realidade em suas vidas. Valorizar essas atitudes, pode ser um caminho para sentir que o tempo não foi perdido, mas sim, que ainda terão muito tempo pela frente!”
E assim, por mais que seja um momento chato, a gente acaba se tranquilizando, afinal, com a gente em casa, menos pessoas são infectadas e mais rápido poderemos sair.
No momento, Roberta aconselha a continuarmos em casa tentando ao máximo fazer as coisas que gostamos da maneira que é possível: “Marquem reuniões online com os amigos. Continuem com a rotina, seja estudando ou fazendo exercícios. É importante continuar utilizando as redes sociais para que consigam estar em contato com as pessoas, para tentar fazer desse um momento mais tranquilo possível”.
Outra coisa importante, segundo a psicóloga, é manter planejamentos diários com atividades que gostamos para tentar nos tranquilizar.
E, para finalizar, Flávia dá dicas também para lidar com a ansiedade de voltar ao normal (mesmo não sabendo ao certo quando isso vai acontecer): “Não sabemos realmente como será esse retorno às atividades quando terminar o isolamento. Com certeza deveremos ter que tomar atitudes e posturas diferenciadas. Ao pensar em ‘rotina normal’ não podemos pensar que após quatro meses em casa, já não criamos uma ‘rotina normal’ para o momento? Na medida que todos pararem para olhar que é cada um que cria sua rotina, de acordo com o que lhe é apresentado, muito provavelmente a ansiedade tende a diminuir. Novas estratégias deverão surgir, sim, mas cada um será responsável por administrar sua nova rotina. Quando nos damos conta de que somos nos que decidimos de acordo com nossas necessidades e possibilidades, percebemos que a tranquilidade ou não no dia a dia, depende bastante de nossas ações. Uma sugestão para a saída do isolamento seria cada um pensar, como gostaria de viver seus dias daqui pra frente diante de todas as mudanças que já aconteceram e que ainda estarão por vir.“