No último sábado, 11, rolou o tão aguardado festival João Rock, que ocupou espaço em Ribeirão Preto. Embora várias das atrações do line-up fossem grandes representantes do gênero, como Pitty, Titãs, CPM22 e outros nomes, o evento conseguiu fazer uma mistura de estilos musicais bem interessantes. E o público amou!
Um gênero que ganhou um mega destaque em meio as apresentações foi o rap, tendo o trio de Emicida, Céu e Criolo como o headline do dia. Um pouco antes do show, o palco principal do João Rock recebeu um dos nomes mais consolidados no rap atualmente… Djonga! O artista é conhecido por suas letras impactantes e mensagens de posicionamento sem filtro.
Logo após realizar um show cheio de energia, ele bateu um papo com a todateen lá mesmo no festival. “Ficar muito tempo longe dos palcos, longe dessa energia que a gente troca com as pessoas, e poder compactuar hoje, depois de tanto tempo, é bom demais. Essa rapaziada maravilhosa se empenhou, se entregou e cantou junto”, agradece.
O rapper já é veterano no João Rock
Vale mencionar que não é a primeira vez do rapper no evento. Inclusive, Djonga declarou que sua primeira apresentação nos palcos do festival foi uma das mais importantes para ele.
“Eu não costumo ficar muito nervoso antes do show, porque eu acho que é o que eu faço então eu tenho que me concentrar em fazer o que eu sei fazer. Mas uma das primeiras vezes que eu fiquei nervoso, antes de entrar no palco, foi aqui no João Rock”, confessou. “Não sabia muito bem como eu seria recebido e a experiência foi incrível. Hoje também, foi muito importante para mim”, declarou.
Criticar faz parte e é essencial
Assim como no Lollapalooza e em qualquer uma de suas performances, Djonga não esconde seus posicionamentos e isso acaba sendo um dos aspectos que mais conecta o artista com seu público. Na plateia, gritos que pediam a saída do presidente Jair Bolsonaro foram levantados diversas vezes e acompanhados pelo rapper.
“Eu creio que a minha ideia, a minha ideologia, eu passo independentemente do ano. Desde um ano de eleições até o ano mais comum do mundo, se tiver tudo bem com o Brasil. A parada para mim, é que temos que estar sempre fiscalizando e criticando, seja quem estiver lá”, se posiciona.
“A minha postura, minha ideia, minha ideologia… é sempre a mesma, tá ligado? E vai continuar sendo até o final. Se mudar, pode ter certeza que tem alguma coisa errada e pode me internar”, brinca.
Incentivo a novos artistas
Além de comentar sobre sua apresentação no festival e nas mensagens que acredita, Djonga também refletiu sobre as dificuldades de emplacar novos artistas no mundo da música atual. “O incentivo a cultura, infelizmente, ainda é uma parada insuficiente. Fortalece pessoas que já estão em algum lugar, como eu. É muito mais fácil eu ganhar o acesso a alguma lei de incentivo do que um artista que está começando”, reflete.
O rapper comenta como é diferente o acesso para artistas já consolidados em comparação a artistas que ainda estão tentando emplacar músicas e projetos. “A gente precisa repensar as políticas culturais, as políticas de incentivo de modo geral. Hoje eu sou esse cara aqui, mas eu já fui o cara que estava lá embaixo também. Não só eu, como meus amigos e amigas”, opina.
Ele ainda esclarece que a crítica não é direcionada aos artistas já consolidados, como ele mesmo, mas ao sistema de acesso à cultura em si. Segundo ele, é preciso entender o que acontece na estrutura das políticas de incentivo, que fazem com que pessoas que estão começando não tenham a mesma possibilidade de acesso.
“Não importa se o Djonga conseguiu. Não importa se o Caetano Veloso conseguiu. Não importa se o Gusttavo Lima, ou quem quer que seja, conseguiu. A questão é, por que quem está lá embaixo não consegue?”, questiona.
“Se eu perder uma lei de incentivo para uma pessoa que está começando, que tem talento para caramba, eu vou ficar muito feliz, por que não é isso que me sustenta”, finaliza.
